segunda-feira, 2 de novembro de 2009

“Voar mais alto”

A história começa em Santarém com uma jovem estudante de um Curso Técnico Profissional e continua agora já deste lado, com a menina feita mulher que sonha ser Jornalista. A história de Filipa Coelho é igual à de muitas outras que um dia sonharam “voar mais alto”. E apesar de não ser grande adepta de alturas, desta vez a jovem garante não querer perder este voo de maneira nenhuma.
É com um sorriso nos lábios que Filipa recorda alguns dos seus trabalhos de grupo na antiga escola de Santarém: “ Geralmente fazíamos pequenos teatros. Era muito frequente eu fazer de jornalista”.
E que o diga uma das suas antigas Professoras, Maria do Céu, que hoje afirma orgulhosa: “ Ela deixou os pequenos teatros e passou à acção”. É esta antiga Professora com longos cabelos ondulados e de ar avivado quem diz ter-se apercebido do gosto que Filipa possuía, quando num dos trabalhos esta fingiu entrevistar Fernando Pessoa.
A suposta entrevista correu tão bem que ainda hoje as suas antigas colegas de turma se recordam do seu final: “ Ela finalizou a entrevista com a famosa frase de Fernando Pessoa - Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Actualmente a futura jovem jornalista trocou Santarém por Lisboa e encontra-se no terceiro ano do curso de Ciências da Comunicação na FCSH -Universidade Nova de Lisboa. Optou pela vertente de Jornalismo e decidiu empenhar-se num minor na área de Cinema e Tv.
Hoje, quando faz um apanhado destes últimos três anos, diz ter adorado e aprendido bastante: “ parece que foi ontem que entrei pela primeira vez na faculdade e hoje já estou no último ano do curso”.
Apesar da sua paixão ser a escrita, Filipa diz querer experimentar a televisão: “ nem que seja só para ver como é. Até posso gostar”. Ao olharmos para esta jovem, tão pequena e franzina percebemos que por detrás da sua frágil aparência, existe uma enorme vontade de vincar na área do Jornalismo.
Mas nem só com entusiasmo e motivação esta jovem mulher chegou onde queria: “ no primeiro ano em que me candidatei a Jornalismo entrei em Portalegre.”
Se agora está bem e feliz em Lisboa, Filipa não esquece os momentos mais complicados que passou no alto Alentejo: “ Senti que caí ali de pára-quedas. Não conhecia nada nem ninguém. Não me adaptei muito bem”.
Como seria de se esperar, o ano em Portalegre passou devagar tendo em conta a desmotivação que assolou esta jovem sonhadora. Porém ela não desistiu e após ter sido aceite o seu pedido de transferência para Lisboa retomou novamente o seu sonho: “ O pior foi ter que começar de novo o primeiro ano, mas não estou nada arrependida. Agora estou onde sempre quis”.
Três anos passaram e apesar de terem havido algumas pedras pelo longo caminho de Filipa, esta assume com realismo que: “A vida é feita de pedras no caminho. Cabe-nos a nós retirar algo de bom nelas”.
A história que outrora começou em Santarém, dá agora lugar a uma continuação na cidade de Lisboa e a antiga aluna do Curso Técnico Profissional encontra-se agora a tentar voar mais alto. Tão alto que talvez chegue a tocar nas palavras de um Fernando Pessoa que um dia lhe disse: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Época de Campanha Eleitoral

Em plena rua de Arronches - Portalegre, são várias as pessoas que surgem exibindo as suas bandeiras e manifestos. Ao fundo surge um cântico de apoio ao partido e enquanto uns clamam slogans de apoio, outros mais conservadores mostram receio e curiosidade ao mesmo tempo. O motivo de tal euforia deve-se ao encontro/almoço que o PS organizou com o Presidente da Junta de Mosteiros. A aproximadamente 115km desta algazarra encontra-se outra bastante idêntica. Desta vez é em Évora onde se encontra o líder do PCP - Jerónimo de Sousa.
Lisboa e Funchal foram os destinos escolhidos por Francisco Louçã – líder do BE. Já Paulo Portas- CDS-PP decidiu fazer campanha por Bragança, enquanto Manuela Ferreira Leite – PSD optou por Ponta Delgada.
É nesta época de campanha eleitoral para as legislativas que surge cor espalhada por todo o lado tornando as cidades, vilas e aldeias num género de paleta de tons coloridos, dispostas a alegrar o dia e as caras que curiosamente observam os políticos.
Fernanda Andrade, uma das comerciais que observa o aparato em Portalegre, salienta que “Estas campanhas são do melhor. Dão-nos a conhecer melhor os políticos”. Já Gabriel Coelho, que observa o mesmo (embora em Évora), ressalta que “ Estas campanhas são interessantes, mas é pena que estes só as façam para ganhar votos”.
À parte destas opiniões existem outras menos favoráveis e complacentes. Que o diga António Ferro, ex militar, que ao ver a comitiva do BE em Lisboa lança um grito agonizante que se traduz por: “ Isto é uma vergonha!”.
Mas nem só de opiniões se abarrota a caminhada pelas ruas. Ao longo das mesmas (quer seja em Portalegre, Évora, Bragança, Lisboa, Funchal ou Ponta Delgada) são várias as emoções que se exibem. Cada político desfila deixando a sua imaginação fluir ao ponto de como seria caso fosse o seu partido a vencer. Através dos aplausos, gritos, assobios e claro, os respectivos “cânticos” do partido é perceptível que José Sócrates se sente respeitado, Jerónimo de Sousa ganha confiança, Louçã avança sem medo, Paulo Portas exibe coragem e Manuela Ferreira Leite se vai distinguindo através das suas palavras.
A caminhada política segue pelas ruas havendo pausas para as tradicionais fotos e cumprimentos dos cidadãos. Algumas crianças dirigem-se aos líderes partidários com o intuito de os poder tocar. Alguns idosos aproveitam também para dar a sua opinião acerca da situação actual do País e do que poderá ser melhorado.
São vários os fotógrafos e jornalistas que cercam os locais escolhidos para a campanha. Cada um deles tenta a todo o custo encontrar o melhor ângulo e a melhor notícia para que a mesma fique bem registada. Um dos fotógrafos destacados para eternizar tal momento, após ter descoberto o seu ângulo ideal, ainda tem tempo para voltar atrás e ir buscar uma bandeira que voa da mão de uma das crianças presentes na campanha.
Os flashes começam a ser disparados. Focam não só sorrisos de contentamento, como também algumas bocas abertas denunciando cansaço.
A ansiedade e a pressão deste dia torna-se cada vez maior uma vez que a campanha eleitoral arranca de 12 a 25 de Setembro. Das 15 forças políticas que concorrem, apenas 9 partidos e uma coligação (CDU) vão candidatar-se a todos os círculos eleitorais.
Em 2005 o PS obteve maioria absoluta, contendo 45,4% dos votos.
No final deste encontro entre políticos e cidadãos, a confusão e a multidão que ali se juntou começa a esmorecer a pouco e pouco. As ruas outrora cheias ficam agora desimpedidas e tudo volta ao normal. Restam somente as bandeiras e autocolantes alusivos no chão para relembrar que as eleições estão a chegar.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aloé pró idoso e pró bebé

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Já ouviram falar em pensinhos higiénicos de aloé vera e abacate? Eu desconhecia… até hoje! Confesso que fiquei uns bons cinco minutos a olhar para “esta invenção” e com um sorriso estúpido na cara. Que haverá mais para inventar? Mas para que raio nós, as mulheres, quereremos pensinhos higiénicos com aloé vera e cheiro a abacate? Por este andar, deduzo que daqui a uns anos, surgirá a invenção de pensinhos com mini ventoínhas para nos refrescar no verão… É espantoso como depois disto só me ocorrem slogans extremamente indecentes, como: “Com o pensinho ventoínha verá a sua muqueca mais arejadinha “, ou, “Com o pensinho arejador aqui não entra odor!” (espero que o meu blogue não seja visto pelo Quim Roscas e Zeca Estacionancio, ou ainda lhes dou ideias).

Outra coisa que me ocorreu após ter conhecimento da existência destes pensinhos foi o facto de hoje em dia o aloé vera estar em todo o lado. Tal presença assídua já me começa a assustar. Até parece que produto que é produto só o é, se abranger aloé vera na sua composição! É aloé nos pensinhos, nos cremes, em vitaminas, no gel de banho, em bebidas, biscoitos, etc. Agora que foco o assunto comida, cresce-me um sentimento de pena para com as bolas de Berlim que (infelizmente) deixaram de circular pelas praias portuguesas, ou então iríamos ter a famosa e já esperada bola de aloé cujo slogan expressaria mais ou menos isto: “ Olhá bola de aloé! É pró idoso e pró bebé!”.

Tornando isto um pouco mais sério (ou não) pesquisei na net pelas virtudes desta planta e são vários os sites que fazem jus à mesma. Um deles considera-a como a “rainha incontestável das plantas medicinais”, chegando mesmo a mencionar que o seu efeito é quase tão vasto como o de uma pequena farmácia doméstica. Após uma definição destas só me apetece gritar: Abaixo às farmácias! Viva à plantação de aloé vera!

E não é que enquanto grito isto (e grito mesmo porque eu vibro com estas coisas) a minha mente continua a divagar pelas imagens mais patetas chegando à imbecilidade de dar por mim a congeminar o Barack Obama a referir os “milagres” do aloé vera num dos seus discursos. Até o consigo visualizar, de pé a ser aplaudido pela população eufórica e a sair-se com um “ Yes Aloé Can”.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

É carnaval e há quem leve a mal


“É carnaval e ninguém leva a mal”, mas o facto é que alguém de Torres Vedras levou. A frase característica desta época de folia, ganha novos contornos ao ter sido proibida a sátira ao computador Magalhães, que, segundo o queixoso “exibia mulheres nuas no ecrã”., alegando portanto, conteúdo pornográfico.

Tal “queixa” seria bastante construtiva, ou não fosse o facto de ainda há pouco tempo ter sido dito nos órgãos de comunicação social nada que não saibamos: a maioria das crianças tem acesso à Internet sem o conhecimento dos pais, ou até mesmo, sem qualquer tipo de acompanhamento.

A coisa ganha ainda novos contornos quando pensamos bem nos desfiles carnavalescos e na pouca roupa que muitas das folionas exibem. Pergunto-me então se o carnaval não passará por um momento em que será igualado àqueles filmes destinados a adultos, de bolinha vermelha ao canto do ecrã, fazendo por isso com que temamos que os nossos filhos se deparem com tal.

Palpita-me (e isto é só um mero palpite) que um dia ainda vamos ter que deitar as crianças mais cedo porque: “ xiuuu, vem aí o carnaval…” ou até mesmo porque “ Joãozinho, já te disse que o carnaval não é para a tua idade!”.

Confesso que após esta proibição de sátira ao Magalhães, por parte do Ministério Público, dou por mim a pensar se o Salazar por acaso não andará por aí… A verdade é que ele tem sido muito falado ultimamente. Ora aparece um Salazar sedutor, ora surge uma série acerca da vida privada do mesmo. Há dias até apareceu na televisão o seu barbeiro e ao mesmo tempo confidente.

E eis que agora enquanto me deleitava a falar de Salazar, soube que a proibição fora revogada, ou seja, Torres Vedras lá pode continuar com o seu Magalhães de conteúdo não censurado para muitos e censurado só para alguns. Talvez a nova tentativa de censura ainda tenha que penar muito para se impor aos portugueses. Ou talvez Salazar tenha ficado tão constrangido com a situação, que neste carnaval não sai à rua.

Uma coisa vos garanto: É escusado gastarem dinheiro em flyers e cartazes com o intuito de anunciar o carnaval de Torres Vedras, visto que este, nunca teve tanta publicidade como agora.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

"Olfactos descontrolados"


Há dias, antes de entrar para o comboio decidi comprar uma revista. De entre a panóplia que se estendia à minha frente, confesso que nenhuma me chamou a atenção. No entanto, optei por uma, pois o que queria mesmo era ter algo para ler. Ao folheá-la, eis que me deparo com um artigo bastante chamativo, “ Perfume de sedução”, onde estava explicito que, e passo a citar, “ na hora de arranjar um parceiro, o olfacto tem um papel determinante para as mulheres”. Bastou-me ler o início para dar comigo a pensar, “ O odor corporal atrai? Sim, se for agradável… não me imagino a sentir-me atraída por alguém que cheire mal!“ E nisto, enquanto lutava com o meu encéfalo para que este não pusesse logo de parte o artigo sem o ler na íntegra, ouço uma senhora a reclamar do marido ao telemóvel.

Confesso que tentei não ouvir, não fosse a senhora achar que era alguma espia de relacionamentos, mas visto que ela gritava ao telemóvel, foi impossível não perceber o tema. Aí, ainda estava deslumbrada com o artigo e pensei, “ com tantas queixas, calculo que o marido dela não seja muito agradável ao olfacto!”.

A partir daí fiz a viagem toda a pensar em algo que pudesse ser antagónico ao que acabara de ler. E lembrei-me das vezes (já perdi a conta) em que ouvia algumas das minhas amigas a dizerem coisas do tipo: “ mas porque é que escolho sempre o homem errado?”. Na verdade agora pergunto-me se haverá alguma mulher que nunca o tenha dito, mas continuando… o meu raciocínio limitou-se a ficar estático e a indagar o porquê da mulher (no geral) achar sempre que até pode ter nove homens encantadores e um que “não presta”, que rapidamente ignora esses nove e aceita sair com o único que…enfim…definitivamente não é o certo! Mais uma vez me questionei se nesses casos o homem se mune de perfumes caríssimos para camuflar o facto de não ser tão cavalheiro como os outros nove que ficaram para trás? Acredito mais na primeira hipótese. Nunca me lembro de alguma amiga minha me contar que gostava do rapaz X porque ele cheirava mal, ou que não saiu com o namorado porque o cheiro dele naquele dia não a estava a atrair muito! Daí que finalizei a leitura do artigo e sorri…não por estar a desrespeitar o que lá estava escrito (muito pelo contrário), mas porque fiquei a achar que no geral, a mulher anda muito mal a nível de olfacto, ou não fosse o facto de Portugal ter uma taxa de divórcios de 89%.

"O designer do baixo azul"



Bruno Raimundo recorda-se perfeitamente da primeira vez em que o viu, algures em 2003. “Chego à Damaia e estava ele com oculinhos escuros e cabelo curtíssimo… mas tinha um baixo azul muito bonito! Enfim…é o nosso franganito”.

Ele, o franganito em questão, é José Sales na altura com 21 anos, um dos elementos do projecto musical: Icon & The Black Roses.
Nascido a 13 de Fevereiro de 1980 em Beja (Montes Velhos – Aljustrel), José Sales esconde mais facetas do que aparenta. Hoje funcionário da “Casaverde, design e comunicação” e membro e produtor da banda Sexto Sentido, Sales, como é conhecido, arranja tempo para conciliar a sua carreira profissional, com aquilo que lhe dá mais prazer: a música. De menino sossegado que só adormecia ao som de “Lullaby” de Johannes Brahms, a adolescente rebelde que roubava a viola ao pai para dar uns toques, Sales explica que ““os meus brinquedos basicamente eram os playmobil e instrumentos musicais, tinha um pianinho, órgãos, um saxofone, violas pequenas, até tive um acordeão que ainda guardo! Quando comecei a roubar uma viola do meu pai para tocar às escondidas no quarto! Tinha 8 anos quando ele um dia me sentou no colo com a viola e me disse “isto é um mi...esta corda o lá, esta o ré, o sol, um si, e outro mi”. E nunca mais me esqueci…””

A capacidade de Sales para as cordas, foi reforçada no dia em que o seu pai passou no hall de entrada e, ouvindo o som que ecoava pela casa comentou: “é pá... o miúdo sabe tocar!". Valdemiro Sales só precisou de ouvir o filho tocar, para saber que o seu futuro passaria com certeza pela música. Nessa mesma semana comprou-lhe um método de A. Eurico Cebolo, um afinador e uma viola acústica.
Por volta dos 14 anos decidiu juntar-se a dois amigos cujo interesse em comum, era o de formar uma banda. Os três tocavam viola acústica, contudo, Sales relembra o dia em que uma experiência em casa de Carlos Baptista, colega da altura, se tornou num ponto de partida para si “certo dia eu e um deles fomos a casa do Carlos Baptista, que é um excelente ex-músico lá da minha terra e ele tinha a sala de ensaios numa zona da sala. Estávamos à espera dele para falarmos e eu peguei numa viola e naturalmente comecei a fazer o baixo da música «come as you are» de Nirvana e o meu colega sentou-se pela primeira vez na bateria e começou a marcar ritmo...o Carlos sai da casa de banho só com a toalha à cintura e diz " que é q vocês estão a fazer? Façam lá isso outra vez..." e foi ali, de toalha à cintura, que Carlos Baptista persuadiu os jovens a formarem uma banda, mais tarde intitulada de “Mitomania” formada por Zé Luís, Teixeira, Inácio e claro, Sales.

Foi Carlos Baptista, que na altura possuía uma banda, quem encaminhou Sales para António Ferro, que por sua vez, lhe deu umas noções de música, “logo de início tocava com o baixo dele porque não tinha um” explica Sales.
António caracteriza-o, como um menino que demonstrava muita vontade e curiosidade em aprender e reconhece que embora não siga de perto o seu trabalho actual, sabe que Sales tem tudo para ser um bom profissional. Finaliza com um sotaque alentejano “ Eu sempre disse que este moço tinha futuro”.
Mais tarde e já depois das alterações que os “Mitomania” sofreram, inclusive na mudança de nome, em que passou a chamar-se “Pudget Sound”, tendo Sales como vocalista e baixista, surgiu um convite para que este tocasse com “Os garagem da avó”, onde actuava quase todas as semanas nos bares rock, dando destaque a reportórios como Him, Metallica, Gary Moore e Queen.

Por volta dos 18 anos, Sales frequentou o Conservatório de Beja, onde “por convite do meu professor Juan Carlos Leon, ensaiava uns standards de jazz depois das aulas de viola clássica. Saía de casa por volta das 8 da manhã e voltava lá para a 1h quase todos os dias”.
A experiência do Conservatório foi de tal modo marcante para si, que ainda hoje o recorda com nostalgia, “o meu 1º dia no conservatório foi giro... fui fazer os exames no meio de um grupo de miúdos com cerca de 12 / 14 anos! Todos eles sabiam mais teoria que eu, mas quando fizemos o exame rítmico de ouvido safei-me bem”. A vocação e a vontade de vencer na música era tal, que Sales fez dois anos de conservatório num só. Todavia este feito não se deveu a só a si, como também ao facto de ter tido excelentes professores que sempre o incentivaram a dar o melhor de si, “ aprendi alguma coisa de teoria e canto enquanto lá andei, foi bom, a educação musical é uma coisa muito importante e que infelizmente muito pouca gente tem em Portugal...”.

Aos 20 anos, Sales finalizou o secundário e como tal, seguiu-se a faculdade. “ A minha mãe ainda me tentou convencer a ir para a Escola Superior de Música, mas música via ensino nunca foi a minha ideia, assim, como na altura o que estava a dar era a informática e eu até pescava um bocadinho de computadores, candidatei-me e entrei no ISEL para engenharia informática”.
Foi de armas e bagagens que Sales se mudou para Lisboa. A sua vida estava a seguir um outro rumo e a sua vontade de vir a ser um Engenheiro Informático, fez com que largasse as bandas que tinha em Aljustrel e se dedicasse mais ao curso que pretendia tirar. “Vim para Lisboa e deixei o Conservatório, as bandas e tudo para ser engenheiro…mas cedo me apercebi que não estava escrito assim!”.

E de facto não estava. Ao fim de alguns dias no Isel, alguém descobriu que Sales era baixista e começou a espalhar palavra. Daí a surgirem vários convites para tocar em diversas bandas, foi um piscar de olhos. A verdade é que eram convites quase sempre recusados.
Um dia, o Napas ( Nuno Lourenço ) , um dos seus colegas de faculdade, fez-lhe conversa acerca de uma banda que andara a ouvir e que gostava bastante, “eram os Blue Obsession, que segundo o meu colega, precisavam de baixista e eu era o indicado…mas eu nem queria ouvir as músicas, porque o que queria era ser engenheiro!”.
Assim, as preces de Napas foram ignoradas a partir do momento em que Sales se recusou a ouvir as músicas de que este tanto falava…até um dia…Dia esse em que a argumentação deste foi tão persuasiva, que o convenceu! “Gostei mesmo das coisas dos Blue Obsession e uma noite sem eu saber de onde veio aquela chamada, toca-me o telemóvel! Era então um rapaz que falava pelos cotovelos, que disse chamar-se João e ser daquela banda. Ao que parece o Napas tinha-lhe dado o meu contacto sem me dizer nada. Combinámos um ensaio sem compromissos porque eu não queria bandas e fui ensaiar com eles...”.

No dia seguinte, tal como combinado, Sales apareceu no ensaio e foi no seu segundo acorde, que soube que tinha acabado de entrar para a banda, “a minha resposta foi... «é pa mas eu não quero ficar na banda... eu só vim ensaiar», ao fim de uns minutos, não sei como, dei comigo no estúdio improvisado do 1º andar na casa do David a gravar uma música”.
Hoje, João sorri quando lhe é perguntado o porquê de o ter escolhido logo no segundo acorde “ na altura fiquei tão focado no baixo azul que não ouvi muito do que ele tocou. E como a banda se chamava Blue Obsession, ele ficou”. Contudo à parte da sua “obsessão” com o baixo azul, o facto é que João reconhece a importância de Sales, “como pessoa é super inteligente, sempre critico e tem muita iniciativa. Ele tem qualidades que são raras. É verdadeiramente leal e sempre me apoiou”.

Foi assim que Sales passou a fazer parte dos Blue Obsession, onde mais tarde a formação da banda sofreu alterações, permanecendo apenas ele e o João. “Fiquei só eu e o João e formámos os Icon & the black roses. Entrou o Bruno Raimundo (Sebastian Noir), Miguel Casais (Mike Thorne) e o Cláudio de Pina (Adam Nox). Eu e o João mudámos o nome para Sean Rose e Johnny Icon”.
E o porquê da mudança de nomes? Sales explica-o muito sucintamente,” havia muitas influências do glam e do goth na banda e nomes como Zé ou Bruno não tinham cenário. E foi também para criarmos as nossas "on stage personas" e esclarece que “ para mim o Sean Rose é uma extensão de mim, é uma parte de mim levada quase ao extremo”. Desde cedo que estes cinco meninos sabiam o que queriam e a prova está no facto de tanto a imagem, como a promoção da banda ter sido feita, ou controlada de perto por eles, “sabíamos bem o que queríamos e conseguimos contrato com uma multinacional. Fomos a primeira ou segunda banda em Portugal a lançar o 1º álbum em toda a Europa e consequentemente em todo o mundo! Aí fomos os primeiros a ser gravados por uma editora alemã durante vários meses em Berlim, com várias pré-produções”.

Danny Zimmerman, Tommy Newton, Micha Gerlack, Andy Derris (da banda “Helloween”) e Charlie Bauerfind, foram alguns dos nomes conhecidos com quem os Icon tiveram a oportunidade de se cruzar.
Os Icon tiveram um percurso inovador no panorama musical português, arrebatando milhares de fãns por todo o mundo e tendo sido um autêntico sucesso. Lançaram um CD intitulado com o nome da banda, onde predominavam doze temas recheados de algum romantismo e até mesmo, alguma melancolia, entre eles, “Crucify your love” e “Angel”.
Duraram até 2005, altura em que os elementos decidiram arriscar noutros projectos. O facto é que a partir do momento em que Sales passou a fazer parte desta banda, muita coisa mudou na sua vida. “Durante os Icon tive tempo de desistir da faculdade, dedicar-me a tempo inteiro à música, tocar e trabalhar num estúdio como técnico de som. Depois voltei a estudar, fiz um bacharelato em design de aplicações móveis e no fim do curso, estagiei num atelier de design gráfico. No fim do estágio fui convidado a ficar a colaborar com a empresa “SerDesign”, como designer multimédia e de comunicação. Foi aí que me apaixonei pela área criativa da publicidade, além da música claro! Mas está tudo interligado… eu já trabalhava na imagem da banda e na sua promoção, foi só adaptar a novos meios e produtos”.

Um dos grandes responsáveis deste sucesso foi sem dúvida o seu amigo Napas, que assegura “ele é um óptimo baixista sem qualquer margem de dúvidas. De todo o background que ele tinha, lá das bandas de garagem, do conservatório e tudo mais, foi a rampa de lançamento para os Blue Obsession e tudo o que se seguiu”.
À parte da separação de Icon, são muitas as peripécias que Sales recorda até hoje “ Num dos concertos, estava a fazer headbang com o Sebastian Noir, trocámos o passo e bati-lhe com o baixo na cabeça! Ele ficou meia hora na casa de banho a meter água e gelo e só dizia: «puto vou ficar com uma cicatriz...partiste-me a cabeça e agora? E as fãns? Não me podem ver assim!».”
Assim que os Icon terminaram, foram vários os convites para que Sales voltasse a tocar, contudo, este recusava-os, até ao dia em surgiu o convite de Alex dos Sexto Sentido a convidá-lo para um projecto hard rock que estavam a desenvolver.
“Aceitei porque eles ensaiavam perto da minha casa e porque a fome de palco falava mais alto".

Nesta altura já andava a apontar em papel, pauta e pouco mais, umas ideias para músicas que sempre tive. Eles gostaram de tocar comigo e eu gostei bastante deles como pessoas. Convidaram-me para ser o baixista de sexto sentido e aceitei”.
“Só Tu” e “Como eu penso em Ti”, são alguns dos temas que esta banda possui na telenovela da TVI “Feitiço de Amor”. De momento Sales vai gravando umas músicas, ajudado pelo Cláudio (ex-icon) com quem nunca perdeu contacto e, surpresa das surpresas, trabalham em simultâneo para o lançamento de mais um álbum de Icon, um género de “homenagem aos fãns” que sempre os apoiaram enquanto estiveram juntos e que se desiludiram bastante ao vê-los separados.
Mais uma vez as qualidades de Sales são nítidas quando perguntamos a pessoas chegadas, o que pensam acerca dele. Uma das respostas que mais o caracteriza foi dada por Napas, “tem um estilo muito próprio de se vestir, arranjar e tudo mais, acontece muitas vezes ser confundido com raparigas. Psicologicamente o que posso dizer é o seguinte...não sou uma pessoa muito sociável, não tenho muitos amigos e longe de fazer amizades fáceis, contudo, ele é uma dessas pessoas que considero como amigo e está no núcleo de pessoas mais próximas de mim… Acho que isso diz tudo sobre o que penso dele!”.

Todavia o sucesso de Sales não é visto simplesmente pelas pessoas mais chegadas a si. A verdade é que segundo este recorda, num dos concertos que deu em Porto Côvo, enquanto elemento dos “garagem da avó”, surgiu um episódio bastante engraçado, “estava eu a fazer um solo no meio da música “Road House Blues” dos Doors e surge um homem enorme com aspecto de americano! Mete-me a mão na cabeça e começa a falar meio português « é pa devias solar mais, és fixe». Nisto começa a dizer que é amigo do Robbi Kriegger dos Doors , e que era o ex baterista de Rory Gallagher! Confesso que não acreditei, mas na semana seguinte por acaso encontrei um CD dele e comprei. Quando o abri...lá estava a foto do homem, 10 anos mais novo e com menos 50 quilos”. Sales admite que nesse momento sentiu-se valorizado e ao mesmo tempo orgulhoso por ter sido elogiado por alguém tão superior a si, chegando mesmo a referir que foi a primeira pessoa famosa a elogiar o seu trabalho.

De momento Sales toca com Los Myth Bastardos, Sexto Sentido, Morning Panic, encontrando-se ainda a trabalhar no novo álbum de Icon, porém esclarece-nos “tenho dias bons e maus como as outras pessoas, mas pelo menos faço o que gosto, sou feliz!”. Ao que parece o António Ferro não se enganou…”Este moço tem futuro!” É caso para se dizer que este designer dá-nos música!

Apaac – Um exemplo a seguir



"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." (Arthur Schopenhauer)

Já este filósofo Alemão do século XIX o dizia e calculo que a APAAC - Associação de Protecção dos Animais Abandonados do Cartaxo, não retire uma única vírgula ao mesmo.

A APAAC foi criada a 14 de Maio de 1990, contudo é desde 1998 que trabalha em parceria com a Câmara Municipal do Cartaxo, em exclusivo para o Concelho e desde então vem ganhando dimensão. O que começou por ser um terreno (antiga lixeira na Zona Industrial do Cartaxo) cedido pela Câmara do Cartaxo para a conclusão do canil agora CBEAC – Centro de Bem-Estar Animal do Cartaxo, tornou-se ao longo destes anos, no lar inúmeros animais. Esta Associação destaca-se por inúmeras razões, sendo algumas o facto de ser das poucas a possuir veículos que se destinam à recolha de animais em perigo 24 horas por dia, 365 dias por ano; de ter crianças voluntariadas e a ajudar nos tempos livres e claro, de ter vindo a conseguir uma verdadeira proeza ao dar para adopção cerca de 400 cães por ano. É de referir também que todos os animais residentes foram vistos por um veterinário e assim sendo, a maioria encontra-se desparasitada e vacinada. A esterilização é feita após a doação, na clínica veterinária que a APAAC entretanto inaugurou em 2003 equipada com a mais alta tecnologia de diagnóstico, onde trabalham 2 veterinários e 2 auxiliares.

O presidente da APAAC, Veladimiro Elvas, alerta para o facto de nestes anos, de todos os animais que doaram, terem sido poucos os que foram devolvidos. Segundo Veladimiro “As pessoas não percebem que ao devolver um animal adulto, o destino deste será o abate, visto que na maioria dos casos, o desgosto do animal manifesta-se de tal forma, que no dia seguinte à entrega é frequente vê-lo a auto-mutilar-se”.

Desengane-se portanto, quem pensa que adoptar um animal na Apaac é coisa fácil. V. Elvas garante que a adopção de cada animal, é um processo que requer algum estudo, “ é preciso saber as condições da pessoa, que tipo de animal se adapta mais à mesma e claro, se a pessoa terá ou não hipóteses de dar uma boa vida ao animal escolhido”.

Perante tais factos, não é de mais dizer que a Apaac é sem dúvida, um exemplo a seguir.

Fnac num “Azul Profundo”


Nuno Sá, fotógrafo reconhecido pelo seu trabalho dedicado à captação de imagens de baleias, lança o seu livro “Açores Whale watching” na próxima quarta-feira, dia 21, pelas 18h30.

Ao mesmo tempo que está patente na Fnac do Vasco da Gama a exposição “Azul Profundo”, da autoria do mesmo.

A exposição decorrerá de 15 a 31 de Janeiro e assinala o fruto de três anos de recolha de imagens. Tanto a mostra como o livro, pretendem mostrar alguns dos momentos únicos passados a bordo de embarcações de observação de cetáceos no mar dos Açores. Com uma forte componente de fotografia subaquática, facilmente vestimos a pele de um passageiro numa viagem de Whale watching (observação de baleias).

Esta exposição contém 20 imagens em grande formato e procura mostrar ao grande público momentos únicos passados no mar dos Açores. A exposição e o livro pretendem mostrar a riqueza e biodiversidade do mar dos Açores, considerado hoje um dos melhores destinos a nível mundial para a observação de cetáceos.

Nuno Sá foi premiado internacionalmente no mais prestigiado concurso de fotografia de vida selvagem a nível mundial “Wildlife Photographer of Year 2008”, tendo sido o primeiro Português nomeado na história deste evento e contando com publicações em várias revistas, tais como National Geographic. É também autor fotográfico do calendário da National Geographic Portugal. Esta obra conta também com a participação de três conceituados ilustradores científicos, Les Gallagher, Fernando Correia e Nuno Farinha.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Uma história de Natal em Óbidos


De 29 de Novembro a 4 de Janeiro, a magia volta a acontecer em Óbidos.

O tema desta terceira edição é o “Quebra-Nozes – Uma história de Natal”. A Cidade de Nuremberga; a Oficina do Relojoeiro; o Livro Gigante; a Terra do Gelo; a Floresta Encantada, a Aldeia dos Doces; a Casa do Pai Natal; uma Pista de Gelo e uma Rampa de Ski são algumas das propostas.

A funcionar em paralelo com este cenário magnífico existe a zona de diversões constituída por divertimentos como os Insufláveis, voltinhas de Póneis, jogos diversos e outras actividades para divertir famílias inteiras. A organização do evento preparou ainda algumas surpresas. Assim, as boas vindas a Óbidos são dadas por muitas Árvores de Natal de vários tamanhos, formatos, cores, luzes, enfeites e brilhos, que se destacam junto à Porta da Vila, numa saudação do concelho aos visitantes. Mas as surpresas não acabam aqui. Este ano Óbidos terá uma exposição denominada “ Pai Natal - Mil e um diferentes”.

Para além de toda a cenografia e animação, a iluminação de Óbidos merece destaque, pois é, sem dúvida, um encanto, relembrando um castelo encantado com as muralhas todas iluminadas.

À semelhança dos anos anteriores, também não faltaram algumas acções de cariz social que provavelmente trarão muitos sorrisos e momentos únicos a algumas crianças desfavorecidas ou em situação de risco do concelho.