segunda-feira, 23 de maio de 2011

E o povo pá?

Já dizia o grande Zeca Afonso que “ o Povo é quem mais ordena” e como tal, foi graças ao povo que os Homens da Luta foram representar Portugal na Eurovisão.

“A Luta é Alegria” pode ter posto muita gente bem-disposta e a dançar mas, alcançou uma pontuação débil de apenas 22 pontos, acabando por confirmar a contestação sentida desde o inicio entre os euro fãs nacionais.

A ida de Neto e Falâncio ao festival foi bastante contestada (o que é irónico uma vez que fomos “nós” a votar neles). A partir do momento em que foram escolhidos para representar Portugal na Eurovisão, que os apupos não pararam.

Surgiram algumas petições online contraditórias, quer com o intuito de os proibir de ir ao festival como, de os enaltecer e mostrar que tinham tanto direito de lá estar, como outro artista qualquer.

Contudo, desde o inicio que a escolha dos portugueses deu muito que falar. Houve quem achasse que já seria de esperar que não chegássemos à final pelo facto de o resto da Europa simplesmente não estar preparada para este tipo de performance.

No entanto há também quem tenha defendido que pelo menos mostrámos que a situação do País está a afectar todos os sectores e que, quem no estrangeiro estiver a par da situação económica e política do nosso País, só pode concordar que acabámos por ser coerentes em levar esta banda à Eurovisão.

No entanto, mesmo que a prestação na Alemanha não tenha sido a esperada por muitos e mesmo não tendo ganho, a verdade é que o refrão de “ a luta é alegria” não nos saiu do ouvido nos dias que se seguiram e, só por isso, Neto e Falâncio já nos animaram um pouco – “E traz o pão e traz o queijo e traz o vinho, e vem o velho e vem o novo e o menino, e traz o pão e traz o queijo e traz o vinho, e vem o velho e vem o novo e o menino, vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção.”

Os Homens da Luta já prometeram concorrer de novo à Eurovisão para o ano. E o povo pá? Será que vai novamente votar neles? Seja como for: Dá-lhe Falâncio!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O ontem e o hoje

No meu tempo nós, crianças, íamos brincar para a rua. Jogávamos à bola, à apanhada e às escondidas com os vizinhos da nossa idade. No meu tempo, fazíamos corridas de bicicleta e esfolávamos os joelhos a andar de patins.

No dia de todos os santos nós, crianças, juntávamo-nos todas e fazíamos corridas, saltávamos à fogueira e confraternizava-mos enquanto petiscávamos algo e discutíamos sobre quem saltava mais vezes à corda sem se atrapalhar.

No meu tempo nós, crianças, não tínhamos telemóveis e como tal, andávamos de porta em porta a solicitar aos vizinhos que viessem juntar-se a nós para dar inicio ao jogo do “mamã dá licença”.

Mas isto era no meu tempo, no tempo em que brincar era aprender. Hoje em dia é precisamente o inverso. Com as desgraças a que assistem diariamente, os pais esqueceram-se de que as brincadeiras dos mais novos, são instrumentos fundamentais de aprendizagem e adaptação a situações de cariz social, motor e emocional na vida adulta.

Contudo, não critico. O meu tempo já lá vai e nesse tempo, ainda não éramos reféns dos medos e das inseguranças dos nossos progenitores.

Talvez seja por isso que hoje, as crianças demonstrem uma preferência em ficar por casa a jogar na playstation e na wii, excluindo-se assim, cada vez mais do mundo exterior e, os joelhos que outrora se reconheceriam à distância pelos seus golpes e cicatrizes, hoje assumem um ar pálido e imaculado.