sexta-feira, 6 de maio de 2011

O ontem e o hoje

No meu tempo nós, crianças, íamos brincar para a rua. Jogávamos à bola, à apanhada e às escondidas com os vizinhos da nossa idade. No meu tempo, fazíamos corridas de bicicleta e esfolávamos os joelhos a andar de patins.

No dia de todos os santos nós, crianças, juntávamo-nos todas e fazíamos corridas, saltávamos à fogueira e confraternizava-mos enquanto petiscávamos algo e discutíamos sobre quem saltava mais vezes à corda sem se atrapalhar.

No meu tempo nós, crianças, não tínhamos telemóveis e como tal, andávamos de porta em porta a solicitar aos vizinhos que viessem juntar-se a nós para dar inicio ao jogo do “mamã dá licença”.

Mas isto era no meu tempo, no tempo em que brincar era aprender. Hoje em dia é precisamente o inverso. Com as desgraças a que assistem diariamente, os pais esqueceram-se de que as brincadeiras dos mais novos, são instrumentos fundamentais de aprendizagem e adaptação a situações de cariz social, motor e emocional na vida adulta.

Contudo, não critico. O meu tempo já lá vai e nesse tempo, ainda não éramos reféns dos medos e das inseguranças dos nossos progenitores.

Talvez seja por isso que hoje, as crianças demonstrem uma preferência em ficar por casa a jogar na playstation e na wii, excluindo-se assim, cada vez mais do mundo exterior e, os joelhos que outrora se reconheceriam à distância pelos seus golpes e cicatrizes, hoje assumem um ar pálido e imaculado.

4 comentários:

  1. Tens toda a razão! Parece cliché dizer que no nosso tempo era tudo tão diferente e mais simples, mas a verdade é que era. E no fundo éramos mais felizes por isso. Tínhamos menos mas dávamos mais valor aquilo que tínhamos. Esses tempos não voltam mais mas temos de dar valor ao facto de termos vivido durante essa época, assim como nossos pais antes de nos e tentar ensinar as futuras gerações os valores que importam mais na esperança de um futuro melhor :)

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  2. Não poderia estar mais de acordo com tudo o que está aqui presente.
    A recordação mais bonita que tenho da minha infância é a de apanhar minhocas no monte de estrume das galinhas e guardá-las carinhosamente na caneca do café do meu pai...hoje nenhuma criança fará isso sem antes levar um milhão de vacinas, vestir um fato especial concebido e certificado pela NASA e por fim, lavar as mãos com Detol! A infância tem vindo a perder-se com o tempo, dando lugar a pequenos adultos que vivem empregnados de actividades de tudo e de nada, sem tempo para brincar e experimentar o mundo que os rodeia. A culpa é deles? NÃO! A culpa é de quem compra o tempo, que deveria ser-lhes dedicado, com essas playstations e wii's.

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  3. Ha cada vez mais competicao hj em dia, e quem quer ter sucesso tem que ter "skill", e daí entendo que as criancas hj em dia tenham cada vez mais actividades, eu vejo pelos meus alunos de guitarra que quando se tem que marcar pra outro dia é complicado devido as explicacoes de ingles, de matematica, o curso x e o y, o futebol, a viagem, etc etc... Parecem crescidos com 12 anos e afins...Eu ainda sou do tempo tb "da rua" e era optimo, recordo com alguma saudade. SN

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  4. Tenho quase 33 anos e não tenho saudades nenhumas dos "tempos de rua", onde fui bastante feliz. Relembro que atualmente as pessoas/crianças estão mais conectadas do que nunca, seja pessoalmente através de todas as atividades físicas descritas pelo anónimo (escola e atividades extracurriculares), seja virtualmente, através de telemóvel e internet.

    Quanto aos videojogos... isso já é uma discussão antiga e cometes um erro comum a quem não compreende o meio.

    O bom senso de quem sabe e vários estudos atestam aos benefícios que os videojogos têm sobre as pessoas.
    Não vou estar aqui a listar, mas o Jornalista tem obrigação de saber do que fala, por isso recomendo que googles um pouco sobre isso.

    Fica a pergunta: o que é mais prejudicial para o desenvolvimento de uma criança: o comportamento antissocial e de promoção da obesidade de ler um livro, ou jogar online com amigos ou jogar, por ex., wii fit ou singstar com amigos?

    Não estou a dizer que um é melhor que o outro, estou a dizer que temos de compreender o efeito que cada meio tem em nos enquanto indivíduos e enquanto sociedade, porque todos esses meios desempenham um papel importante.

    Bem mais importante do que apanhar minhocas de estrume ;)

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