segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os operários da palavra ( carta de parabéns ao jornal "Correio do Ribatejo")

Já dizia o dramaturgo Arthur Miller que "um bom jornal é uma nação falando consigo mesma." De facto é graças ao jornal que temos uma noção do mundo que nos rodeia, uma vez que é ao mesmo que cabe a divulgação de coisas boas, coisas más e claro, de algumas curiosidades que sem o mesmo, jamais veríamos esclarecidas.

No tempo em que ainda não existiam jornais diários, reinava uma forma pré-moderna do mesmo – as folhas volantes. Estas dedicavam-se a um único tema e não a uma variedade de assuntos e não eram publicações regulares. Também não eram folhas de simples informação: os temas que abordavam eram, sobretudo, avisos moralistas ou interpretações religiosas. Assim, por volta de 1616 foi publicado um total de 25 folhas volantes. Um terço delas era dedicado a um tipo de acontecimentos: assassínios.

Ao longo do século XIII as publicações periódicas, como os jornais, eram dominadas pelo pólo político, sendo que os mesmos eram vistos como uma arma política até ao aparecimento da Penny Press na década de 30 no século XIX. Este tipo de imprensa passou a dar ênfase a notícias locais, reportagens sensacionalistas, escândalos, tragédias, etc. Na década de 70, cerca de 80% das notícias sobre assuntos nacionais eram sobre pessoas conhecidas (Presidente dos Estados Unidos, ministros, governantes).

Os jornais de hoje não diferem muito dos da época de 70. Felizmente ao longo dos séculos estes têm vindo a crescer e a mostrar o quanto são bens preciosos. Que o diga o Correio do Ribatejo que já vai com 120 anos e que sempre nos deu as notícias de forma concisa, directa e profissional. É graças a este que os leitores sabem o que se passa ao seu redor de maneira exímia e, penso que falo em nome de todos, quando digo que cá gostaríamos de estar mais 120 anos para podermos acompanhar este exemplo de bom profissionalismo.

Obrigada ao Correio do Ribatejo, por ser a prova viva do que foi dito em 1926, por um director de um jornal inglês: “Fundamentalmente, o jornalismo implica honestidade, clareza, coragem, justeza e um sentido do dever para com o leitor e a comunidade. O jornal tem necessariamente algo de monopólio e o seu ofício primeiro é a recolha de notícias. Sob pena de perder a alma, deve fazer que o fornecimento não seja manchado. Nem no que dá, nem no que não dá, nem no modo de apresentação, deve a límpida face da verdade sofrer qualquer mal.”

Feliz aniversário ao jornal e aos jornalistas que aí trabalham, por nunca terem deixado de ser os operários da palavra.

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