sábado, 4 de dezembro de 2010

Comando na mão e carrega no botão

Porque é que quando o nosso comando da televisão não está a funcionar bem, carregamos nos botões com mais força em vez de lhe mudarmos as pilhas?


Esta é uma questão que me tem vindo a assombrar e pior, é uma atitude a que tenho tido a oportunidade de assistir muitas vezes e da qual me rio desalmadamente ( é verdade, tenho um sentido de humor estranho).

É bastante comum tentarmos mudar de canal, ou aumentar o volume do nosso programa favorito e percebermos que o comando não está a funcionar correctamente. E o que fazemos nestas situações? Simples! Carregamos ainda com mais força nos botões (não vá haver algum mau contacto e a coisa até funcionar assim pela lei do aperto).

Eis uma atitude tão comum no ser humano e ao mesmo tempo tão caricata – o acto de carregar com força nos botões do comando e só depois pensar: “Que raio, às tantas é das pilhas”.

Não seria mais correcto pensar primeiro em mudar as pilhas em vez de espancarmos o comando em questão? Sim, seria (pensam vocês) e digo eu: seria, mas não teria a mesma piada.

Existe também quem opte por uma outra vertente geralmente designada como: “ pancadinha de amor” – acto de bater no comando na esperança de que possa surgir algum tipo de ligação miraculosa que nos auxilie a mudar de canal.

Temos de admitir que nós próprios temos a noção do quão ridículo estamos a ser, no entanto na altura ficamos de tal modo enfeitiçados pelo poder da caixinha mágica que nem nos lembramos da figura que fazemos (há quem chegue mesmo a ganhar um tom rosado de premir os botões com tanta força).

Há ainda quem conjugue estas duas vertentes e faça o denominado: “ prima e espanca” - além de bater no comando, a pessoa (já de tom rosado a pender para o avermelhado) continua não só a premir os botões, como a ter a capacidade de continuar com a tão famosa “pancadinha de amor”.

Já dizia o palhaço Batatinha: “comando na mão e carrega no botão!” (esqueceu-se foi de acrescentar que: “ um comando espancado, é um comando inutilizado”.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Latidos de esperança




A Apaac, uma Associação de Protecção dos Animais Abandonados do Cartaxo, criada a 14 de Maio de 1990, dedica-se à defesa e ao bem-estar dos animais abandonados, silenciando o mito segundo o qual todos os canis são lugares medonhos onde os animais, fechados numa jaula minúscula, esperam dias e dias por um dono que os libertará daquela prisão. Além da defesa e da preservação da vida animal, esta associação sem fins lucrativos promove o respeito pelos animais e desempenha também funções sociais no campo higieno-sanitário.

A recepção é feita por um porteiro de quatro patas, o Taso, um Doberman, em convalescença após uma terceira operação. Vários guias sorridentes dirigem-se às boxes, porém, são maioritariamente as crianças que se dedicam, voluntariamente, aos animais aqui hospedados.

A visita guiada é pautada pela amabilidade de todos os que aqui trabalham e pela docilidade dos animais bem tratados. Na área delimitada do canil, coabitam cães de várias raças, cores, sexo e tamanho. Os olhos que nos observam escondem uma desilusão, uma história triste, que todos aqui querem ajudar a esquecer, alimentando a esperança de que um dia serão felizes com uma nova família.

Ao conhecermos a área, deparamo-nos com Maria, uma voluntária da Apaac com apenas 10 anos de idade que, além da alimentação dos animais e da limpeza do canil, diz existirem outras tarefas: «ajudar em tratamentos, ajudar em campanhas de adopção, na angariação de donativos». Satisfeita por poder ajudar estes animais, Maria, entusiasmada com o seu trabalho conta-nos a história de Nina, uma das cadelas do abrigo da Apaac.

Já abandonada em tempos, fora adoptada por uma senhora do Cartaxo que vivia sozinha que lhe daria afecto e o conforto de um lar mas, após uma doença, essa senhora viria a falecer, deixando a Nina, mais uma vez, sozinha: «Há até quem diga que esta ficou estática no quarto da senhora, ficando presente ao lado da cama, como se tivesse esperança de que ela, a pessoa que a amou, voltasse de novo para junto de si».

A história da Maria é marcada pelos passos de outras crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, que se juntam; cada uma desempenha a sua tarefa sem sequer perguntar o que é preciso fazer, pois, já todos sabem como as coisas funcionam.

Ao cair da noite, os guias de palmo e meio deslocam-se até ao secretariado onde, mais uma vez, são recebidos por um enorme gato siamês que rebola no chão como que a dar-lhes as boas-vindas. As saudações deste anfitrião são acompanhadas pelas do Presidente da Associação, Veladimiro Elvas, que, durante a visita às três salas do secretariado (gabinete, sala de reuniões e sala que serve de área de sensibilização), se prontificou a ajudar no que fosse necessário.

Explicou ainda que a Apaac recebe visitas de estudo e reúne grupos de crianças com o intuito de as sensibilizar na protecção dos animais. São visíveis inúmeros desenhos feitos pelas mesmas e alguns artigos de jornal. De todos os artigos e desenhos colados no placar, destaca-se um bastante simples, o desenho da “Rita” onde entre um cão e flores, se pode ler o seguinte: «Por favor não abandonem os animais, se não os querem, deixem-nos no canil».

Veladimiro acrescenta que «muitas das crianças que nos visitam, ficam tão sensibilizadas, que dias depois vêm cá voluntariar-se». E isso é um aspecto fundamental para a Apaac, que acredita que a chamada de atenção das crianças suscita a formação de adultos conscientes, e o reflexo do que Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, afirmara em tempos: «A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem».

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O verdadeiro animal

Quem não gosta de animais não pode ter bom carácter. Como é possível que não se goste daqueles que nos protegem, nos mimam e acima de tudo, que não nos julgam sempre que a vida não nos sorri?

Mahatma Gandhi proferiu um dia que “ a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados." Perante esta afirmação e tendo em conta o facto de cada vez existirem mais abandonos e maus tratos aos nossos amigos de quatro patas, eu diria que a nação (na sua maioria) tem estado um pouco desatenta no que toca ao tratamento dos mesmos.

Na realidade todo o sistema me parece desatento e adormecido no que diz respeito ao assunto da defesa dos animais. Não há leis que os protejam e as que existem (sejamos realistas) não funcionam. É por isso que cada vez mais defendo a ideia de que nem toda a gente deveria estar apto a ter um animal ao seu cuidado.

Aguardo ansiosamente pelo dia em que existirão penas bem pesadas a todos os que os maltratem, abandonem e os utilizem para fins menos próprios (como é o caso das lutas). Aguardo também pelo dia em que as pessoas terão que passar por testes psicológicos, antes de adoptarem um amigo para toda a vida.

De dia para dia aumentam os casos de abandonos, de maus tratos e até de muitos donos que levam o animal para o canil pelas suas próprias mãos e que, quando confrontados com o porquê de tal atitude, respondem simplesmente: “ Já não o quero”.

Cada vez mais as pessoas tomam os animais como objectos descartáveis, por algo que é muito engraçado em pequeno, mas que ao crescer começa a ocupar espaço, a comer mais e claro, deixa de ser uma graça para passar a ser um estorvo.

Lamento que estas pessoas não conheçam o caso da Nina, que permaneceu ao lado da cama da dona desde que esta adoeceu até que partiu, ou até do Golias, que mesmo depois de ter sido amarrado a uma árvore e deixado num pinhal pelo próprio dono, conseguiu aparecer à porta da sua casa meses depois e ainda teve a bondade de, depois de tudo o que este lhe fez, saltar para o seu colo, como que a perdoá-lo.

Finalizo então com a seguinte questão: quem são os verdadeiros “animais” aqui? Quem demonstra diariamente ser irracional e não padecer de remorsos? Não deveria o termo “animal” ser aplicado a nós, supostos humanos racionais, que nos desenvencilhamos destes seres só porque estes crescem de mais e passam a ser um estorvo para nós? Deixo ao vosso critério.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Amigos como a Sara

A Sara só se lembrava das amigas quando algo estava mal na sua vida. Sempre que a vida lhe sorria, era vê-la a esquecer-se de quem outrora lhe dera apoio. A Sara vivia egoisticamente só necessitando dos outros quando os contratempos lhe batiam à porta. E foi por isso que um dia a Sara necessitou de ajuda a sério e todos lhe viraram as costas.

Todos temos amigos como a Sara. Daqueles que se em tempos remotos nos foram chegados, com o tempo vão à sua vida. E o pior nem é o simples facto de estes refazerem as suas vidas e arranjarem novas amizades, mas sim o pormenor de muitas vezes esquecerem os antigos amigos – aqueles que em tempos foram o seu aconchego.

Quem nunca sentiu isso na pele? Quem nunca teve uma grande amiga, que por circunstâncias da vida desapareceu e que por sinal, só nos liga ou envia sms a dizer que o gato morreu, que está deprimida, que o marido a deixou, que está prestes a atirar-se do quinto andar, etc. O ridículo é que esta mesma amiga se esquece de coisas básicas e pertinentes numa suposta amizade, como o nosso aniversário (já para não falar que nem uma sms envia no Natal).

E o mais angustiante assume-se quando, em casos esporádicos, recebemos notícias da mesma (tristes para não variar) e a aconchegamos da melhor forma que conseguimos. Contudo, no preciso momento em que decidimos dar largas ao desabafo e às nossas mágoas somos atraiçoados com algo do estilo: “ Ah, desculpa lá mas agora não tenho tempo. Depois falamos”.

Se antes os antigos amigos representavam um porto de abrigo, com o tempo passaram a ser reduzidos a uma espécie de estância turística. E porquê? Porque os antigos amigos passam muitas vezes a funcionar como um destino de férias (só são visitados uma vez por ano e para alívio de stress).

Com a Sara era o que acontecia. Quando andava nas nuvens ninguém sabia nada dela. Os amigos enviavam-lhe várias sms´s e não obtiam resposta, mas sempre que recebiam algo da dita cuja, sabiam à partida que seria mais um dos seus queixumes. E foi por isso que um dia a Sara necessitou de ajuda a sério e todos lhe viraram as costas.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Português e a desgraça

Sabemos que o português tem fama de ser um povo triste e que até a sua música, o fado, é sinónimo de melancolia e claro, saudade. O que também sabemos, é o quanto este se fascina com tudo o que represente desgraça (de preferência alheia).

Há meses, enquanto ia na auto-estrada, deparei-me com um acidente na via. Até aqui tudo normal, ou não fosse o facto de todas as viaturas que passavam começarem a abrandar ao passar pelo mesmo.

Não. Não era com o intuito de prestar socorro às supostas vítimas, mas sim para quê? Como é óbvio, para verem melhor a desgraça. E acreditem no que vos digo, pois era ver os condutores a tirarem a cabeça de fora da janela do carro e a espreitarem. Por momentos era quase como se cada um tencionasse apanhar o melhor ângulo da cena.

Perante isto será correcto afirmar que “ as vias estão para os acidentes como o português para a desgraça?” Parece-me que sim. Para além de ter ficado com esta imagem na cabeça, lembrei-me ainda de uma outra. Com certeza que se recordam de um outro incidente, que embora já tenha sido no ano passado, ainda está muito presente nos nossos dias. Falo da tão noticiada derrocada de uma arriba em praia Algarvia.

Neste caso recordo-me que depois do mal ter acontecido, a jornalista (dirigindo-se a uma das testemunhas) perguntou o que esta andava a fazer ali perto da zona de perigo, ao que esta respondeu depressa: “ Ando a apanhar bocadinhos da arriba para recordação!” E aqui pára tudo! “Para recordação?” Mas não seria suposto recordarmos o que é agradável? Para quê e qual a necessidade de levar bocados de uma arriba para casa a fim de recordar a morte de cinco pessoas?

Isto leva-me a reflectir que nós, os portugueses também podemos ser exageradamente optimistas. Sim, é verdade que somos maioritariamente saudosos e nostálgicos, mas a verdade é que também temos a fase do optimismo. A prova de tal, é que mesmo após o acidente da derrocada e mesmo depois de terem sido afixadas placas de perigo na zona, é ver-nos este ano junto às mesmas arribas, rezando para que o mal se dê nos outros e não em nós.

Ora aqui está um optimismo desmedido. Mas sabem que mais? Esse mesmo optimismo em demasia, não nos pode nem deve fazer esquecer que para os outros, os outros somos nós.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Admite-se empregada com bíblia

Há um ditado que diz que “o bom ladrão antes de roubar faz a oração”. Contudo, alguém falhou com a reza na semana que passou.

Se têm estado atentos às últimas notícias, souberam da tentativa falhada de assalto (a uma loja de telecomunicações) que se passou na Flórida,EUA. E falhada porquê? Porque a empregada da loja em causa, conseguiu convencer o ladrão a desistir do roubo invocando Jesus Cristo.

Com esta atitude, o ladrão confessou ser cristão, demonstrando que nem ele concordava com o que estava prestes a fazer. No fim de tudo ainda pediu desculpa, confessou que não tinha a intenção de magoar ninguém e antes de sair revelou que a arma era de plástico.

Depois deste episódio fiquei a pensar em duas possíveis fórmulas para acabar com os assaltos em qualquer loja. O primeiro aponta para a contratação de empregadas religiosas (rezando para que os assaltantes também o sejam) e o segundo para a aquisição de um padre em todos os estabelecimentos.

Se esta moda pegar, é provável que comecem a surgir anúncios como: “Precisa-se de empregada e respectiva bíblia!” e slogans como: “ Se dos assaltantes se quer livrar, um padre deve contratar”.

Contudo, das duas fórmulas palpita-me que um padre em cada estabelecimento seria a opção mais fiável, não fosse a empregada falhar na utilização de algum versículo da bíblia e a coisa correr mal.

Que o diga a empregada da sapataria que o dito assaltante religioso assaltou logo ao fim de duas horas. Com certeza que esta não tinha as passagens da bíblia na ponta da língua como a primeira.

sábado, 31 de julho de 2010

A amamentação e o desconforto (nos outros)

A Rita era uma amiga que tinha sido mãe há relativamente pouco tempo. Se havia algo que a alegrava era falar nos “milagres” da amamentação e no facto de esta ser provavelmente uma das coisas mais belas quando se é mãe. O seio associado a uma junção entre a progenitora e o filho, a um desejo saciado.

Sim, amamentar teria muito de bonito e mágico se não fosse o facto de a Rita insistir em sacar de um seio no comboio, na paragem do autocarro, no restaurante, etc. O que nos levou a nós – amigas, a ponderar porque seria que uma coisa tão natural nos deixava tão pouco à vontade.

Quem nunca foi a casa de alguma amiga/conhecida visitar o mais recente membro da família e se sentiu um pouco perdido ou mesmo desajustado quando a mãe do dito cujo decide sacar de um seio a meio da conversa e saciar o seu protegido?

Acredito que todos os que já experienciaram tal vivência ficaram a ponderar que se a amamentação é algo assim tão instintivo, necessário, natural e “bonito” para a mãe, porque mete uma certa confusão (causando até algum desconforto) para quem está de fora?

Provavelmente porque somos criados e ensinados desde pequenos que há certas partes do corpo que não se exibem. Um exemplo desta nossa herança cultural são as crianças de 3 e 4 anos que descobrem que afinal o menino tem algo a mais que a menina. Sempre que o desejo se manifesta é ver as educadoras a dar-lhes um sermão e a deixar explicito que há certas partes que são íntimas (e que como tal, não se mostram).

Quem sabe se não serão tais repreensões que mais tarde nos deixam tão pouco à vontade com algo que embora nos garantam ser natural, não deixa por isso de nos parecer menos incorrecto. Ainda bem que a Rita não levou sermões em pequena. É por isso que para ela é tão natural comer um gelado enquanto saca do peito para amamentar o filho. Contudo garanto-vos que para mim continua a ser algo íntimo (e que como tal, não se mostra assim por dá cá aquela palha).

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O poder da mente

Quem é que ainda não ouviu falar nas pulseiras power balance? Aquelas feitas de silicone e que garantem que a sua utilização gera melhoria de equilíbrio, aumento da força, uma maior amplitude de movimentos e um bem-estar geral. Olavo Bilac e Cristiano Ronaldo são alguns dos famosos que as usam.

E agora pergunto-me eu: “Mas porque haveria uma simples pulseira de silicone melhorar o que quer que fosse?” Acredito que se estivermos magoados numa perna, não é a pulseira que a curará, se tivermos pouca força também não nos vamos transformar em nenhum Hulk graças à mesma e, se não nos sentirmos bem connosco, não vamos passar a amar-nos só porque temos um pedaço de silicone no braço.

Se assim fosse até que seria agradável. Não havia mal que nos tirasse o sono à noite, não haveriam coxos, marrecos, desequilibrados e afins pois estava tudo curado graças ao poder do silicone (na pulseira claro).

Agora que foco o tema silicone ocorreu-me uma teoria idiota (como é hábito em mim). Imaginemos então a Pamela Anderson com uma destas pulseiras. Ora, se a senhora já é maioritariamente composta por 90% de silicone, calculo que com a pulseira se tornasse imortal.

De qualquer forma e apesar deste pequeno aparte questiono-me se afinal o que estará aqui em causa não será o factor psicológico? O facto de a pessoa se agarrar à ideia de que como tem uma pulseira “milagrosa” está imune a quase tudo de mau. Talvez esta tenha um objectivo – o de nos dar alguma força interior. Sendo assim o que será mais correcto? Afirmar que temos aqui o poder do silicone ou o poder da mente?

Outra questão que tenho é a seguinte: se a pulseira nos dá algo (neste caso equilíbrio) será que em troca nos retira outro tipo de mais valia? Do tipo: “ah e tal estou a correr mais do que o normal graças à minha nova pulseira de silicone, no entanto perdi a força nos braços e fiquei incapacitado no que toca ao basket!”

Apesar de todos os “como” e “porquês” que esta invenção nos suscita, a verdade é que a mesma nos dá que falar e pensar. Se funciona ou não não sei. Só sei que desde que a usa que o Cristiano Ronaldo foi pai sabe-se lá como. Terá sido um dos “milagres” desta famosa pulseira? Só é pena que para ter equilíbrio na concepção de um filho lhe tenha faltado o mesmo no jogo Portugal-Espanha. Eu bem disse que a pulseira dava e retirava…

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Inveja: coisa feia

Sabem aquelas pessoas que estagnaram na vida porque estão mais preocupadas com a vida alheia que com a delas? Ou que acham que fazem tudo melhor que os outros? Ou que até se dão ao luxo de perder o respeito pelos outros uma vez que a inveja é tão grande que não se controla? Pois é meus amigos, é assim que muitas pessoas são. Falsas, vingativas, mesquinhas e claro, invejosas.

Segundo o dicionário a inveja é o “desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem; cobiça”. Segundo a bíblia é um pecado e, segundo a minha opinião, é uma ambição desmedida por ter aquilo que os outros têm sem nada fazer (a não ser criticando).

Sempre ouvi dizer: “Todos vêem o vinho que bebo mas ninguém vê os tombos que dou” e de facto esta expressão não poderia estar mais correcta. O facto é que todos vêem o que os outros têm mas ninguém vê que para o terem tiveram que lutar por isso. Em vez disso é mais fácil criticar, indagar como é possível e fazer contas à vida do porquê de X ter e nós não.

De todas as coisas que me ensinaram, uma das que tenho mais em conta é a de não atirar pedras aos telhados dos outros uma vez que eu também os possuo. Contudo, há pessoas que não tiveram o mesmo ensinamento, ou se o tiveram esqueceram-no depressa. E é por isso que é vê-los a apedrejar telhados alheios na esperança de que não sobre uma única telha.

A parte mais cómica desta situação (se é que ela existe) é que na maioria das vezes são estes apedrejadores natos que mais possuem buracos nos seus telhados. Mas, mais uma vez e como seria de se esperar, preferem atirar aos outros que remendar os deles. Para muitos, apontar o dedo aos outros é surpreendente, não custa nada e até dá gosto. Só é pena que se esqueçam que quando apontam um dedo aos outros ainda sobram mais três que apontam para si mesmos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ex vs Actual

É certo e sabido que as mulheres têm tendência a comparar-se à actual namorada do seu ex-amor. Esta necessidade aumenta se tiver sido a mulher a parte mais lesada da relação anterior. Quantas de nós não fizemos já pesquisas na internet e recorremos a métodos pouco fiáveis para conhecer a actual! É instintivo. Assim que sabemos que existe uma nova aquisição damos voltas à cabeça ( e ao mundo ) para que conheçamos a dita cuja. Está-nos no sangue fazer comparações, dizer que ela afinal não é assim tão bonita, que até nem sabemos o que ele viu nela, etc.

Muitas de nós sentem um aperto tão grande que só descansam quando comprovam que afinal a actual até nem é nada de especial e que nos temos em melhor consideração (algo raro mas possível). Aí até parece que o namoro do nosso ex xuxu não tem mal nenhum uma vez que ele (supostamente) se há-de fartar da falta de originalidade daquela mosquinha morta (termo tão bem empregue no dicionário feminino).

O pior é quando a coisa corre ao contrário e percebemos que (surpresa das surpresas) a nova aquisição é uma brasa. Aí é garantido: deitamo-nos abaixo, choramos baba e ranho, reparamos em todos os defeitos que achamos ter e, como somos complexas e polivalentes ainda temos tempo de pensar que não devíamos ter comido aquele bolinho ontem, uma vez que hoje já se notam os efeitos nefastos do mesmo.

Contudo engane-se quem pensa que nos deixamos demover com isso. Como mulher que é mulher tem sempre a última palavra, após o choque inicial ainda somos suficientemente destemidas para soltar um: “ Ela não deve gostar dele ”, ou “ Ela só está com ele para passar tempo”.

Aí fazemos algo de engraçado. Acabamos por deitar abaixo o ex parceiro em vez de nós mesmas! Ou seja, deduzimos à partida que a “brasa” nunca vai gostar tanto dele como nós gostámos um dia. E isso (embora possa parecer cruel) até que nos dá um certo ânimo.

Inconscientemente também acabamos por nos aliar à inimiga pois ansiamos com o dia em que esta dê com os pés no nosso ex qualquer coisa e possamos ser nós a ter o privilégio de ser o ombro amigo nessa altura. No fim, escusado será dizer que caso isso aconteça, ele não se livra de levar com um: “Eu bem te avisei que ela não era boa rés”.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Há coisas fantásticas não há?

Há certas situações neste País que me entristecem. Uma delas é o facto de termos entidades mas não percebermos para que é que servem. Sempre que nos sentimos injustiçados e maltratados é ver-nos a recorrer à Deco, à ASAE, ao Ministério da Educação, etc. Muitas vezes deparamo-nos com problemas e arbitrariedades em que nos sentimos no direito de recorrer às mesmas. No fundo sabemos que não funcionarão e que será perda de tempo, mas a verdade é que há uma esperança em nós de que sejamos a prova contrária.

Como tal e para que não tenhamos a mania de ser sonhadores, levamos com dois tipos de resposta: ou não obtemos qualquer tipo de esclarecimento, ou a situação continua na mesma uma vez que as ditas entidades não as resolvem. Ou é uma professora que foi incorrecta e nos injustiçou e o Ministério da Educação não faz nada, ou é o patrão que nos explora e o Ministério do Trabalho nada faz, ou é até mesmo alguém vítima de violência doméstica que até tem uma linha de apoio para se queixar, mas que por ironia só funciona das 10 às 17h. Enfim! Coisas do outro mundo.

Esta última leva-me a concluir que até para sermos vítimas de violência (neste caso doméstica) há que haver dia e hora marcada (e já agora dinheiro também). E perguntam vocês: “Dinheiro? Porquê? Que tem o dinheiro a ver?” E digo-vos eu: “Sim! Dinheiro, porque para além da suposta vítima ter que ter a gentileza de só incomodar o operador da linha de apoio a partir das 10h da manhã, também convém ter uns trocos no bolso pois este apoio paga-se!”

Diante de tais factos concluo que falta de entidades não temos. Temos é falta de um funcionamento eficaz e irrepreensível por parte das mesmas. Perante tamanha falta de capacidade de resolução face aos problemas diários é caso para se dizer: “Há coisas fantásticas não há?”

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Olhá mala

Ora cá estou eu novamente com o intuito de partilhar convosco mais uma das experiências a que me sujeitei recentemente. Era fim-de-semana e decidi ir passear com uma amiga. Confesso que não tenho muita paciência para andar a entrar e a sair das lojas (provavelmente são poucas as mulheres que padecem do mesmo), mas naquele dia até estava com algum espírito para a coisa.
Das muitas lojas que vimos, houve uma em particular que me ficou na memória (pelos piores motivos). Inicialmente entrámos numa de ver, mas depois de nos depararmos com uma mala giríssima em tons verdes decidimos perguntar se havia noutra cor. Dirigimo-nos à lojista e foi-nos dito que existia só um modelo igual, mas em azul (o que me agradou). Contudo esta estava na montra, o que nos fez ir pedir à menina que a tirasse (uma vez que não se percebia bem o tom de azul da mesma devido às luzes da dita montra). Mas qual não é o nosso espanto quando depois do nosso pedido ela nos responde com ar de entediada e de quem faz um frete enorme quando atende clientes que não podia mostrá-la.
Como devem calcular, eu e a minha amiga ficámos a olhar uma para a outra e ainda ponderámos se aquilo não seria para os apanhados ou algo idêntico. Devo assumir que ainda dei por mim com um ar desconfiado a olhar para os cantos do tecto, não fosse haver algum indício de microfones escondidos. Mas não. De facto aquilo estava mesmo a acontecer e o pior de tudo foi quando lhe perguntámos como seria se quiséssemos a dita mala, ao que esta respondeu muito depressa que não a podia vender porque os artigos da montra não podiam ser mexidos!
Depois deste cenário irreal ainda pensámos em reclamar, mas ainda estávamos tão perplexas com o acontecimento que demos por terminado o martírio. A minha amiga ainda cantarolou o “Olhá mala” de Celeste Rodrigues em forma de protesto, mas nem isso fez com que a lojista se comovesse. Por isso viemos embora e limitámo-nos a comentar que nos dias de hoje, em que um emprego é um achado e em que há tanta gente com bons modos tinha que nos calhar uma “mal agradecida”que não sabe a sorte que tem em poder ter o seu ordenado todos os meses mesmo sem mexer na montra.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Glicose em altas

Quem nunca se deparou com um casal cujo amor é tão grande que sente necessidade de o extravasar seja onde for e perto de quem for?
Acredito que ninguém. Quantos de nós não se sentiram já mal ao assistir a grandes afectuosidades em público por parte de namorados? Esta semana vinha no metro e qual não é o meu espanto quando à minha frente se senta um casal aparentemente cheio de amor, e começam a atirar cá para fora tudo o que sentiam.

No início achei aquilo normal, mas a partir do momento em que as demonstrações de afecto passaram a ser consideradas “demais” já não sabia como disfarçar o olhar! É que uma pessoa sente-se mal com isto! Se olha é porque é mirone, se não olha é um snobe! Eu como não gosto de ser mirone, mas perante tal afecto não consegui ser snobe, fiquei-me pelo conceito de despercebida (aquela que olha muito raramente mas que o evita a todo o custo).

O dito casal estava cada vez mais meloso e eu cada vez mais enjoada com tanto mel. É como se costuma dizer: “Com tanto mel uma pessoa fica diabética.” E eu se não fiquei, devo ter tido um disparo de glicose em grande.
Enquanto a saga continuava e eu me mantinha na versão “despercebida” dei por mim a pensar (porque eu penso bastante no metro) que hoje em dia é muito comum vermos casais extremamente afectuosos e sejamos realistas, não é muito bonito de se ver.

Tudo bem que o amor é muito bonito e blá, blá, blá, mas a verdade é que o afecto em excesso torna-se incómodo para quem está de fora. Eu confesso que gosto de ver um casal carinhoso, mas quando a coisa começa a ser demais a minha glicose dispara!
E acreditem que este casal do metro disparava qualquer glicose mais tímida.

Será que o afecto em público representa um género de carimbo de autenticidade no amor? Será que um casal com esta afectuosidade sente que só através das demonstrações em público é que o seu amor é validado? Será que tanto mel não se poderá tornar em fel?
Na minha perspectiva (e claro que ainda falo com a glicose em altas) só posso comentar: “Oh meus amigos, não havia necessidade…”

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Portugal - o País dos Doutores

Porque é que em Portugal se utilizam em demasia títulos académicos para designar uma pessoa?
É com muito interesse que tenho observado a maneira como o nosso País se tem vindo a aperfeiçoar no que toca ao sector dos “Doutores” actuais. Já repararam que hoje em dia uma costureira passou a ser uma modista? E um pintor um designer gráfico? E que cada vez que passamos na rua muitos dos cumprimentos são: “Bom dia Doutor! Como está Doutor?”

Será só impressão minha ou as próprias pessoas criaram a tendência de se intitularem de algo mais do que muitas vezes são? Quantas e quantas vezes já nos deparámos com a Dona Aurora da mercearia que faz questão de dizer que o filho é Doutor e damos connosco a ponderar se este chegou realmente a meter os pés numa faculdade? Para quê tanta necessidade de nos superiorizarmos perante os outros? Afinal de contas, não somos todos feitos do mesmo? Não iremos todos ter o mesmo fim? Então para quê leiloar as pessoas numa espécie de quem dá mais?

Enquanto escrevo interrogo-me onde andarão os pintores “normais” e as costureiras de antigamente. Acho que sinto falta dos tempos em que cada profissão era um prestígio e tínhamos a noção de que um País só de Doutores não se governava. Bem sabemos que o ensino está bastante facilitado e que as novas oportunidades conseguiram o milagre do nada aprender, mas escolaridade a mais ter. O facto é que hoje em dia esquecemos as profissões antigas como o sapateiro e achamos que basta sermos todos Senhores Doutores para a vida ser bem melhor e prestigiada. Porém não nos podemos esquecer que até um “Doutor” precisa dos sapatos arranjados! E isso não se aprende nem na faculdade nem nas novas oportunidades.