sábado, 31 de julho de 2010

A amamentação e o desconforto (nos outros)

A Rita era uma amiga que tinha sido mãe há relativamente pouco tempo. Se havia algo que a alegrava era falar nos “milagres” da amamentação e no facto de esta ser provavelmente uma das coisas mais belas quando se é mãe. O seio associado a uma junção entre a progenitora e o filho, a um desejo saciado.

Sim, amamentar teria muito de bonito e mágico se não fosse o facto de a Rita insistir em sacar de um seio no comboio, na paragem do autocarro, no restaurante, etc. O que nos levou a nós – amigas, a ponderar porque seria que uma coisa tão natural nos deixava tão pouco à vontade.

Quem nunca foi a casa de alguma amiga/conhecida visitar o mais recente membro da família e se sentiu um pouco perdido ou mesmo desajustado quando a mãe do dito cujo decide sacar de um seio a meio da conversa e saciar o seu protegido?

Acredito que todos os que já experienciaram tal vivência ficaram a ponderar que se a amamentação é algo assim tão instintivo, necessário, natural e “bonito” para a mãe, porque mete uma certa confusão (causando até algum desconforto) para quem está de fora?

Provavelmente porque somos criados e ensinados desde pequenos que há certas partes do corpo que não se exibem. Um exemplo desta nossa herança cultural são as crianças de 3 e 4 anos que descobrem que afinal o menino tem algo a mais que a menina. Sempre que o desejo se manifesta é ver as educadoras a dar-lhes um sermão e a deixar explicito que há certas partes que são íntimas (e que como tal, não se mostram).

Quem sabe se não serão tais repreensões que mais tarde nos deixam tão pouco à vontade com algo que embora nos garantam ser natural, não deixa por isso de nos parecer menos incorrecto. Ainda bem que a Rita não levou sermões em pequena. É por isso que para ela é tão natural comer um gelado enquanto saca do peito para amamentar o filho. Contudo garanto-vos que para mim continua a ser algo íntimo (e que como tal, não se mostra assim por dá cá aquela palha).

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O poder da mente

Quem é que ainda não ouviu falar nas pulseiras power balance? Aquelas feitas de silicone e que garantem que a sua utilização gera melhoria de equilíbrio, aumento da força, uma maior amplitude de movimentos e um bem-estar geral. Olavo Bilac e Cristiano Ronaldo são alguns dos famosos que as usam.

E agora pergunto-me eu: “Mas porque haveria uma simples pulseira de silicone melhorar o que quer que fosse?” Acredito que se estivermos magoados numa perna, não é a pulseira que a curará, se tivermos pouca força também não nos vamos transformar em nenhum Hulk graças à mesma e, se não nos sentirmos bem connosco, não vamos passar a amar-nos só porque temos um pedaço de silicone no braço.

Se assim fosse até que seria agradável. Não havia mal que nos tirasse o sono à noite, não haveriam coxos, marrecos, desequilibrados e afins pois estava tudo curado graças ao poder do silicone (na pulseira claro).

Agora que foco o tema silicone ocorreu-me uma teoria idiota (como é hábito em mim). Imaginemos então a Pamela Anderson com uma destas pulseiras. Ora, se a senhora já é maioritariamente composta por 90% de silicone, calculo que com a pulseira se tornasse imortal.

De qualquer forma e apesar deste pequeno aparte questiono-me se afinal o que estará aqui em causa não será o factor psicológico? O facto de a pessoa se agarrar à ideia de que como tem uma pulseira “milagrosa” está imune a quase tudo de mau. Talvez esta tenha um objectivo – o de nos dar alguma força interior. Sendo assim o que será mais correcto? Afirmar que temos aqui o poder do silicone ou o poder da mente?

Outra questão que tenho é a seguinte: se a pulseira nos dá algo (neste caso equilíbrio) será que em troca nos retira outro tipo de mais valia? Do tipo: “ah e tal estou a correr mais do que o normal graças à minha nova pulseira de silicone, no entanto perdi a força nos braços e fiquei incapacitado no que toca ao basket!”

Apesar de todos os “como” e “porquês” que esta invenção nos suscita, a verdade é que a mesma nos dá que falar e pensar. Se funciona ou não não sei. Só sei que desde que a usa que o Cristiano Ronaldo foi pai sabe-se lá como. Terá sido um dos “milagres” desta famosa pulseira? Só é pena que para ter equilíbrio na concepção de um filho lhe tenha faltado o mesmo no jogo Portugal-Espanha. Eu bem disse que a pulseira dava e retirava…

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Inveja: coisa feia

Sabem aquelas pessoas que estagnaram na vida porque estão mais preocupadas com a vida alheia que com a delas? Ou que acham que fazem tudo melhor que os outros? Ou que até se dão ao luxo de perder o respeito pelos outros uma vez que a inveja é tão grande que não se controla? Pois é meus amigos, é assim que muitas pessoas são. Falsas, vingativas, mesquinhas e claro, invejosas.

Segundo o dicionário a inveja é o “desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem; cobiça”. Segundo a bíblia é um pecado e, segundo a minha opinião, é uma ambição desmedida por ter aquilo que os outros têm sem nada fazer (a não ser criticando).

Sempre ouvi dizer: “Todos vêem o vinho que bebo mas ninguém vê os tombos que dou” e de facto esta expressão não poderia estar mais correcta. O facto é que todos vêem o que os outros têm mas ninguém vê que para o terem tiveram que lutar por isso. Em vez disso é mais fácil criticar, indagar como é possível e fazer contas à vida do porquê de X ter e nós não.

De todas as coisas que me ensinaram, uma das que tenho mais em conta é a de não atirar pedras aos telhados dos outros uma vez que eu também os possuo. Contudo, há pessoas que não tiveram o mesmo ensinamento, ou se o tiveram esqueceram-no depressa. E é por isso que é vê-los a apedrejar telhados alheios na esperança de que não sobre uma única telha.

A parte mais cómica desta situação (se é que ela existe) é que na maioria das vezes são estes apedrejadores natos que mais possuem buracos nos seus telhados. Mas, mais uma vez e como seria de se esperar, preferem atirar aos outros que remendar os deles. Para muitos, apontar o dedo aos outros é surpreendente, não custa nada e até dá gosto. Só é pena que se esqueçam que quando apontam um dedo aos outros ainda sobram mais três que apontam para si mesmos.