sábado, 31 de julho de 2010

A amamentação e o desconforto (nos outros)

A Rita era uma amiga que tinha sido mãe há relativamente pouco tempo. Se havia algo que a alegrava era falar nos “milagres” da amamentação e no facto de esta ser provavelmente uma das coisas mais belas quando se é mãe. O seio associado a uma junção entre a progenitora e o filho, a um desejo saciado.

Sim, amamentar teria muito de bonito e mágico se não fosse o facto de a Rita insistir em sacar de um seio no comboio, na paragem do autocarro, no restaurante, etc. O que nos levou a nós – amigas, a ponderar porque seria que uma coisa tão natural nos deixava tão pouco à vontade.

Quem nunca foi a casa de alguma amiga/conhecida visitar o mais recente membro da família e se sentiu um pouco perdido ou mesmo desajustado quando a mãe do dito cujo decide sacar de um seio a meio da conversa e saciar o seu protegido?

Acredito que todos os que já experienciaram tal vivência ficaram a ponderar que se a amamentação é algo assim tão instintivo, necessário, natural e “bonito” para a mãe, porque mete uma certa confusão (causando até algum desconforto) para quem está de fora?

Provavelmente porque somos criados e ensinados desde pequenos que há certas partes do corpo que não se exibem. Um exemplo desta nossa herança cultural são as crianças de 3 e 4 anos que descobrem que afinal o menino tem algo a mais que a menina. Sempre que o desejo se manifesta é ver as educadoras a dar-lhes um sermão e a deixar explicito que há certas partes que são íntimas (e que como tal, não se mostram).

Quem sabe se não serão tais repreensões que mais tarde nos deixam tão pouco à vontade com algo que embora nos garantam ser natural, não deixa por isso de nos parecer menos incorrecto. Ainda bem que a Rita não levou sermões em pequena. É por isso que para ela é tão natural comer um gelado enquanto saca do peito para amamentar o filho. Contudo garanto-vos que para mim continua a ser algo íntimo (e que como tal, não se mostra assim por dá cá aquela palha).

4 comentários:

  1. Esta reacção ao que falas é bem engracada =P
    http://www.youtube.com/watch#!v=LBmLOg14BKo&feature=related (comeca nos 4:30 prai)
    Joao Couto

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  2. Bem, isto tem a ver com o sistema de crenças de cada um...aquilo que nos foi ensinado desde pequenos...agora eu acho que depois depende de cada um de nos, ou seguimos as regras ou adoptamos as nossas que nos parecem "melhores". Eu pessoalmente nao gostaria nada desta situacao se fosse a minha mulher lol mesmo em familia nao acho mt apropriado, mas la esta isso tem a ver com a imtimidade e proximidade da familia em questao, etc. Mas eu sou um old fashioned guy secalhar...e gosto de o ser, seja como for o que é meu nao é pra mostrar... Se as maes forem solteiras, elas que decidam o que fazer...nao me faz diferença, façam la o aleitamento á vontade! Aliaz ate acho que mto boa gente vai é gostar de ver! lol ;P ass:SN

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  3. Educador é, não só aquele que está numa instituição de ensino formal mas, também, a família. Enquanto educadora de infância penso que essa questão já está mais ultrapassada hoje em dia. Abordamos o assunto como uma coisa natural (o facto dos meninos e meninas serem diferentes fisicamente) e não como um tabu, tão comum na sociedade em que vivemos. Pessoalmente acho que se uma mulher pode andar de "mama ao leu" para adquirir um bronze perfeito e todos (ou quase todos) gostam de ver... porquê olhar com pudor para o acto mais natural do ser humano? Claro que cada um sabe de si =D

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  4. Realmente umas pessoas têm mais à vontade que outras e nesse caso apesar de causar estranheza a uns, penso que seja algo natural e quando o bébe tem fome tem que ser =p Concordo com o comentário anterior em relação à "mama ao léu" =) Beijinho

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